O algodão é uma fibra natural muito importante, principalmente para a indústria têxtil, e tem um papel fundamental na economia agrícola brasileira. Durante muitos anos, desde a safra 1993/1994, o Brasil perdia para os Estados Unidos no posto de maior exportador mundial da fibra mas dados do DataLiner apontam que, em 2024, o Brasil exportou 235.377 TEUS, volume 73,5% superior ao de 2023, assumindo a liderança mundial nas exportações da commodity.
A produção nacional de algodão tem se modernizado nas últimas décadas, com o uso de técnicas de agricultura de precisão e biotecnologia, o que aumentou a produtividade e a qualidade do produto. Além disso, a cotonicultura nacional tem aumentado a área a cada ano, com produtores estimulados pela rentabilidade. Porém, a demanda interna tem apresentado um avanço mais modesto, com os excedentes domésticos crescendo, estimulando os aumentos da exportação.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), na safra 2023/24, a área semeada alcançou 1,944 milhão de hectares, um aumento de 16,9% em relação ao ciclo anterior. Foi a maior área plantada desde 1991/92. Já a produção teve uma alta de 16,64% em comparação ao ciclo anterior e atingiu 3,7 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde para a cotonicultura brasileira.
Veja abaixo um gráfico com um histórico das exportações brasileiras de algodão. Os dados são do DataLiner:
Exportações Brasileiras de Algodão| Jan 2029 a Dez 2024 | TEU
Fonte: DataLiner
No Brasil, Mato Grosso é o estado que mais produz algodão em pluma. Sozinho, representa cerca de 70% do total de fibra produzida em todo o país. Outros estados onde a produção de algodão se destaca são Bahia e Goiás.
O Porto de Santos, em São Paulo, é a principal porta de saída do produto para o exterior, sendo responsável por 95% dos embarques, apontam os dados da Datamar.
Confira a seguir os principais portos brasileiros exportadores de algodão. Os dados são do DataLiner:
Exportações Brasileiras de Algodão por porto| 2024 | TEU
Fonte: DataLiner
O algodão brasileiro é valorizado no mercado internacional devido à sua qualidade superior, com fibras mais longas e finas, que são preferidas pelos fabricantes de tecidos finos.
As exportações de algodão brasileiro vão para mais de 150 países, com destaques para a China (30,9%), Vietnã (18,8%), Bangladesh (11,9%), Paquistão (11%), Turquia (8,5%), Indonésia (5,1%), Índia (4,4%), Malásia (3,5%), Coreia do Sul (1,5%) e Egito (1,1%), apontam os dados do DataLiner, conforme pode ser visto no gráfico abaixo:
Principais destinos do algodão brasileiro| 2024| TEU
Fonte: DataLiner
Além do Brasil, os maiores exportadores de algodão do mundo são os Estados Unidos, Austrália, Índia e Turquia.
O mercado global de algodão é influenciado por uma série de fatores, como o preço do produto, as condições climáticas, políticas comerciais e até a sustentabilidade. Nos últimos anos, a preocupação com o impacto ambiental das culturas de algodão tem crescido, o que tem impulsionado a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, como o uso reduzido de agrotóxicos e a implementação de técnicas de manejo sustentável da água e do solo.
Já o algodão orgânico não usa fertilizantes sintéticos (químicos), defensivos e sementes transgênicas. O cultivo é feito em espaços menores, que atendem a uma demanda limitada, já que dependem de fatores naturais para se desenvolver.
Características do Algodão
Conheça abaixo algumas das características principais da pluma:
- Origem e Cultivo: O algodão vem da planta Gossypium, que cresce bem em regiões tropicais e subtropicais, com muito sol e água. Ele é cultivado em países quentes ao redor do mundo, como os Estados Unidos, Brasil, China, Índia, entre outros.
- Composição: A fibra do algodão é feita de celulose, uma substância orgânica e macia, essencial para a estrutura da planta. Ela se desenvolve ao redor das sementes do algodão, formando cápsulas semelhantes a pequenas bolas de golfe.
- Propriedades:
- Absorção: O algodão é ótimo para absorver líquidos, o que o torna ideal para roupas e toalhas.
- Durabilidade: É um material que tem boa resistência ao uso diário.
- Facilidade para Tingir: A fibra aceita bem tingimentos, o que dá muita versatilidade para criar peças coloridas.
- Não Conduz Eletricidade: Isso é vantajoso para a fabricação de tecidos que não geram estática.
- Conforto: O algodão é macio e se adapta bem ao corpo, proporcionando conforto ao usá-lo.
- Tipos de Algodão:
- Pima: Possui fibras longas e macias, de excelente qualidade. Sua origem é na América do Sul.
- Egípcio: Semelhante ao pima, mas cultivado no Egito, com fibras fortes e duráveis.
- Montanha: Fibras mais curtas e a variedade mais produzida no mundo. Nativa de regiões da América Central.
- Orgânico: Cultivado sem o uso de químicos ou pesticidas, com menor impacto ambiental.
- Usos do Algodão:
- Roupas e Tecidos: É amplamente utilizado na confecção de vestuário e artigos têxteis para o lar.
- Decoração: Usado em itens como cortinas, almofadas, toalhas e outros objetos de decoração.
- Produtos de Higiene: Como algodão para cuidados com a saúde e beleza.
- Óleo de Semente de Algodão: Extraído das sementes, utilizado na culinária e cosméticos.
- Notas de Dinheiro: Algumas cédulas, como o dólar americano, são feitas com algodão.
- História do Algodão:
- O algodão tem registros antigos, com menções no Código de Manu, da Índia, datando do século VII a.C.
- A domesticação do algodoeiro ocorreu há mais de 4 mil anos no sul da Arábia.
- A palavra “algodão” vem do árabe “quton”.
- No período medieval, os árabes disseminaram o conhecimento do algodão pela Europa, mas outros povos, como os indianos, já usavam a fibra para tecidos muito antes disso.
- A Revolução Industrial na Grã-Bretanha, no século XVIII, foi fundamental para a produção em massa de algodão, graças à produção das máquinas descaroçadoras, que haviam sido criadas na Índia no século XIII.
- No Brasil, o cultivo de algodão começou com os indígenas, antes da chegada dos portugueses. No século XVIII e XIX, o Brasil viveu um período de prosperidade com a produção de algodão, embora tenha enfrentado dificuldades na década de 1980 devido a pragas. No entanto, em 2016, o país voltou a ser um grande exportador dessa commodity.