Grande parte da economia de um país passa por seus portos, já que é desses locais que um volume considerável de mercadorias entra e sai, dentro de navios. Segundo o Dicionário Online de Português, porto é um “abrigo natural ou artificial para os navios, munido de instalações necessárias ao embarque e desembarque de mercadorias e de passageiros. Os portos grandes e movimentados dispõem de construções e equipamentos apropriados para receber, armazenar e reembarcar mercadorias. Geralmente, essas instalações contam com equipamentos como desembarcadouros, depósitos, rebocadores, carregadores e descarregadores mecânicos, barcos de passagem, vagões e caminhões”.
Os portos podem ser marítimos (localizado à beira de um oceano ou de um mar) ou fluviais (instalados a beira de um rio) e o Brasil, país costeiro e com um considerável número de rios navegáveis concentra muitos portos importantes para a América Latina.
Porto das Naus
O primeiro porto brasileiro foi o Porto das Naus, localizado em São Vicente, no litoral Sul de São Paulo. Instalado na Avenida Tupiniquins, próximo à Ponte Pênsil, foi o primeiro trapiche (atracadouro de madeira em estacas) alfandegário do Brasil, isto é, o primeiro porto de comércio entre os navios que chegavam à região, instalado oficialmente por Martim Afonso de Sousa, em 1532. Em 1580, foi construído em sua retaguarda o Engenho de Açúcar de Jerônimo Leitão.
Em 1615, o engenho foi destruído por corsários holandeses, comandados pelo famoso pirata Joris Van Spilbergen.
Localizado na cidade vizinha, também no litoral sul de São Paulo, o Porto de Santos iniciou suas atividades no início do século XVI, operando com estruturas rudimentares até o fim do século XIX, quando houve a concessão do Porto a investidores privados. A Companhia Docas de Santos (CDS), fundada em 1890 e detentora da concessão, construiu e inaugurou em 1892 os primeiros 260 metros de cais, criando assim o primeiro Porto Organizado do Brasil.
De lá para cá, o Porto de Santos conquistou um lugar de destaque na economia do país e tornou-se o maior porto da América Latina. O local recebe tanto navios contêineres como embarcações para cargas soltas. De acordo com a Santos Port Authority, autoridade portuária, no acumulado de 2022 (janeiro a agosto), foram movimentadas 110,1 milhões de toneladas de carga no local, e o fluxo de navios nos oito primeiros meses do ano atingiu 3.454 embarcações.
Confira abaixo a participação dos principais portos brasileiros nas exportações via contêineres do país. O gráfico foi elaborado com base nos dados do DataLiner:
Portos Brasileiros | Exportações | Jan a Ago 2022 | TEU
Fonte: DataLiner
Importações
As importações brasileiras via contêineres registraram, no acumulado dos oito primeiros meses de 2022 uma queda em volumes de 8,9% em relação a igual período de 2021. A atividade é muito importante para equilibrar a balança comercial brasileira.
Veja a seguir a participação dos portos brasileiros nas importações. Os dados também são da ferramenta de inteligência de mercado da Datamar, o DataLiner:
Portos Brasileiros | Importações | Jan/Jul 2021 vs Jan/Jul 2022 | TEU
Fonte: DataLiner
Porto de Paranaguá
Localizado no Paraná, no sul do país, o Porto de Paranaguá é, em 2022, a segunda maior porta de saída de contêineres do país. Destaca-se na exportação de carne de frango. Só nos oito primeiros meses de 2022, o Porto de Paranaguá foi responsável pelas exportações de 101.410 TEU de carne de frango.
Outro destaque na logística de contêineres do país é a Portonave, localizada na cidade de Navegantes, em Santa Catarina. A Portonave iniciou suas operações em 2007, como o primeiro terminal privado de contêineres do país. A empresa atua no escoamento da produção das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, além de outros países da América do Sul e no recebimento de cargas de todo o mundo.
No acumulado de janeiro a setembro de 2022, o Terminal movimentou 487 mil contêineres, contra 479 mil no mesmo período de 2021.
Infraestrutura, profundidade e produtividade
Além da localização estratégica, a infraestrutura aquaviária e portuária é essencial para garantir a competitividade de um porto. A infraestrutura aquaviária, por exemplo, é composta pelos canais de acesso aos portos, bacias de evolução, quebra-mares, hidrovias e berços de atracação. Já os equipamentos para movimentação e armazenagem de mercadorias, tais como guindastes, esteiras e armazéns, são conhecidos como superestrutura portuária.
Outro fator importante para a produtividade de um porto é a profundidade do seu canal, que quanto maior, mais ampla é sua capacidade e a sua possibilidade de receber navios com maiores calados.
Calado pode ser definido como a profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, em relação à linha d’água.
Conhecer o calado de um navio em cada condição de carga e de densidade da água garante a segurança da navegabilidade em zonas pouco profundas. Isso porque, toda embarcação pode flutuar entre um calado máximo quando ela está a plena carga e um calado mínimo quando ela está descarregada inteiramente.
Quanto maior for seu calado, a tendência é de que o navio seja mais largo e como consequência, poderá transportar uma maior quantidade de cargas. As primeiras gerações de navios porta-contêineres costumavam ter calados de 9 metros. Já os modelos Post Panamax Plus têm entre 14 e 15 m. Por isso muitos portos atualmente investem em derrocagem (processo de retirada ou destruição de pedras ou rochas submersas, que impedem a plena navegação) e na dragagem (limpeza, desassoreamento, alargamento, desobstrução, remoção de material do fundo de rios, lagoas, mares, baías e canais) para aumentar sua profundidade e, assim, receber navios cada vez maiores.
Vale destacar que navio possui calado enquanto os portos possuem profundidade.
Profissionais que atuam no porto:
O porto é uma estrutura complexa. Qualquer falha em uma de suas engrenagens compromete a logística como um todo. Recentemente, o fechamento de portos chineses por conta da política de baixa tolerância à Covid 19 criou um problema logístico global. Para evitar problemas como esse, assim como acidentes ambientais e laborais e manter a produtividade, são necessários diferentes tipos de profissionais. Conheça alguns a seguir:
– Prático: é responsável por orientar e auxiliar os navegantes nacionais e internacionais no acesso ou na saída de embarcações nas áreas dos portos, considerando as condições do tráfego de embarcações, a geografia do acesso portuário e as condições meteorológicas.
– Engenheiro portuário: a função está relacionada ao desenvolvimento e construção de empreendimentos na costa ou nas proximidades. Por meio de estudos da hidrodinâmica, identifica o impacto que ondas, salinidade, marés, tempestades e até maremotos podem causar nas edificações costeiras.
– Gestor portuário: atua na organização portuária, em funções estratégicas, administrativas e operacionais e nas relações de interface logística da cadeia de suprimentos.
– Técnico portuário: trabalha em operações portuárias tais como supervisão de embarque, transbordo e desembarque de cargas e agenciamento de embarcações, entre outros.
– Profissional de logística: desenvolve estratégias de transportes, armazenamento e distribuição das cadeias de suprimentos, supervisiona processos de compras, recebimento, movimentação, expedição e distribuição de materiais e produtos.
– Despachante aduaneiro: realiza atividades ligadas à importação de mercadorias, como análise e preenchimento de documentação, cálculo de taxas e tributos e conferência dos produtos. Para isso, usa como base as normas e exigências fiscais.
– Profissional de segurança do trabalho: especialista em processos laborais. Sua função é identificar fatores de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e de trabalho, entre outros.
Falar sobre portos é tão complexo quanto suas operações. São necessárias por exemplo, alterações para recebimento ou envio de cargas específicas, como as fora de padrão e os materiais perigosos. É preciso lidar também com as intempéries do tempo, que afetam sua operação. Ainda há problemas de segurança, como coibir o contrabando de substâncias ilícitas. A logística global mantém a economia do mundo funcionando e os portos são parte essencial desse processo.