O café é uma das bebidas mais versáteis que existe. Dá disposição pela manhã, quebra o gelo em uma reunião de negócios, aquece no frio e sair para tomar um cafezinho proporciona uma ótima terapia entre amigos. A bebida é o principal anfitrião para visitas em qualquer ambiente.
O Brasil é o maior exportador mundial de café e o grão tem uma importância muito grande na história do país. Isso porque o café foi o principal produto de exportação brasileira no século XIX e o início do século XX e garantiu os recursos necessários à sustentação do Império e da República Velha.
Mas como o grão aromático veio parar no Brasil?
O café chegou ao Brasil no século XVII. Sua chegada é atribuída ao sargento-mor, Franciso de Mello Palheta que, em 1727 teria recebido a missão do governador do Maranhão e Grão Pará de visitar a Guiana Francesa e conseguir uma muda do fruto, que já tinha, na época, um alto valor comercial. Com esse fim, Palheta conquistou a confiança da esposa do governador da capital da Guiana Francesa, que lhe ofereceu uma muda de café arábica, que ele trouxe para Belém do Pará escondida na bagagem.
De lá, a cultura avançou no litoral brasileiro, rumo ao sul, chegando à região do Rio de Janeiro por volta de 1760.
A produção do café no Brasil beneficiou-se do clima e do solo das regiões da Baixada Fluminense e do Vale do Rio Paraíba, que atravessa os estados de Rio de Janeiro e São Paulo.
Apesar disso, o café só ganhou produção em escala comercial para exportação no início do século XIX. Até o final do século XVIII, o Haiti era o principal exportador do grão. Acontece que a longa guerra enfrentada por aquele país para conseguir a independência da França levou a produção de café a entrar em crise, favorecendo os negócios no Brasil.
Assim, em 1779 foi registrado o primeiro envio de café ao exterior: 79 arrobas, pouco mais de 19 sacas.
As exportações foram tomando fôlego e quase 30 anos depois, em 1806, estavam em cerca de 80 mil arrobas, aproximadamente 20 mil sacas.
Com a expansão das plantações, chegaram os imigrantes europeus e japoneses para trabalhar na colheita do grão. Nesse momento, o Estado de São Paulo teve um grande desenvolvimento urbano, com o surgimento de linhas férreas para levar o café do interior até o Porto de Santos.
De 1800 a 1929, o café foi a principal fonte de riqueza do Brasil. Seu auge perdurou até a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, fato este que obrigou o governo federal a queimar mais de 71 mil sacas do grão, quantia que na época era suficiente para garantir o consumo mundial durante três anos.
Exportações nos dias atuais
Atualmente o café não é o principal produto exportado pelo Brasil, mas o grão continua tendo importância para a balança comercial do país. Nos 11 primeiros meses de 2022, o Brasil exportou 1.881.176 toneladas de café. O volume é 6,14% menor que em igual período de 2021.
Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de café em grão. Os dados foram elaborados pela equipe de Business Intelligence da Datamar a partir de dados do DataLiner:
Exportações Brasileiras de Café em Grão| Jan 2019 a Nov 2022 | Ton
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
De acordo com o Cecafé (Conselho dos exportadores de Café do Brasil), o café arábica segue como o mais exportado no acumulado deste ano (janeiro a novembro), com a remessa de 31,189 milhões de sacas ao exterior, ou 86,5% do total. O café solúvel registrou o embarque equivalente a 3,392 milhões de sacas, respondendo por 9,4%. Na sequência, aparecem a variedade canéfora (robusta + conilon), com a exportação de 1,434 milhão de sacas (4%), e o produto torrado e torrado e moído, com 42.424 sacas (0,1%).
Já no gráfico abaixo é possível conhecer os principais destinos do café brasileiro nos primeiros onze meses de 2022. Os dados também são provenientes do DataLiner:
Principais destinos do Café em Grãos Brasileiro | Jan a Nov 2022 | Ton
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Atualmente, 84% do café exportado pelo Brasil sai pelo Porto de Santos. No gráfico abaixo é possível ver a participação de cada porto nas exportações brasileira de café nos primeiros 11 meses de 2022:
Participação dos portos brasileiros nas exportações de café em grãos| Jan a Nov 2022 | Ton
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Curiosidades sobre o café:
– Há uma lenda que conta que um pastor da Abissínia (atual Etiópia) notou, por volta do ano 800, que suas cabras ficavam mais dispostas depois de ingerir os frutos do café. O pastor comentou o fato com um monge, que experimentou a infusão de frutos e percebeu que o café o ajudava a ficar desperto para as orações. Evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez nos monastérios islâmicos do Iémen.
– O café de disseminou pelos cultos religiosos da região da Arábia por conta da religião islâmica, que não permite a ingestão de bebidas alcoólicas.
– O nome café vem do árabe, qahwa, e significa vinho. Por esse motivo, era conhecido como o “vinho da Arábia”, quando surgiu na Europa no século XIV.
– O fruto foi torrado pela primeira vez na Pérsia. Os árabes mantiveram o monopólio do produto até o século XVI. A partir de 1615, o grão ganhou o continente europeu, levado por viajantes depois de suas incursões ao Oriente.
– O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, só perdendo para a água
– O café trouxe muitas riquezas aos cafeicultores, e ganhou o apelido de ouro verde brasileiro. Mansões e teatros, como o Theatro Municipal de São Paulo, foram erguidos com o dinheiro do café.
– Em geral, os pés de café frutificam de maio a julho. As safras do café se estendem de maio a outubro.
– O Brasil é o maior produtor de café no mundo há mais de 150 anos. Atualmente, o país também é o maior exportador mundial do grão
– O consumo de café tem-se mostrado eficaz na redução dos riscos de doenças neurodegenerativas como a Doença de Parkinson (DP) e Alzheimer. A grande responsável por esse efeito é a cafeína.
– Nos últimos anos, a cafeína tem sido alvo de inúmeros estudos envolvendo práticas desportivas de resistência como o ciclismo, o atletismo e a natação. No futebol, por exemplo, considera-se que a cafeína aumenta o desempenho, melhora o tempo de reação, atenção mental e processamento visual.
